Voando no Fokker 28 da LADE (Parte 1): o amanhecer entre Buenos Aires e Bahía Blanca

siga o ONTIME no Instagram: @ontime.av

Nossa última viagem juntos aqui no ONTIME foi para Foz do Iguaçu, onde estão localizadas as emblemáticas Cataratas. Hoje, nós iremos voar de Buenos Aires para Bahía Blanca a bordo de um clássico: o Fokker 28.


O Fokker F28 Fellowship é uma aeronave da década de 60, criada para mercados regionais e trechos de curta/média distância. Seu primeiro voo aconteceu em maio de 1967 e a aeronave foi introduzida em serviço comercial dois anos mais tarde, em 1969. Ao todo foram produzidas 241 unidades do modelo (somando todas as variantes) e ele foi o predecessor do conhecido Fokker 100 e também do Fokker 70. Hoje, 55 anos depois de sua primeira decolagem, é um avião bastante raro de se avistar, uma vez que pouquíssimos ainda continuam ativos.

Ao contrário do Fokker 100, o Fokker 28 não emplacou no Brasil, mas ganhou espaço em países vizinhos como na Argentina, onde até hoje um par de “Fokkerzinhos” continuam ativos. Eles fazem parte da frota da Fuerza Aérea Argentina e em determinados dias operam voos regulares para a Líneas Aéreas del Estado (LADE), que é uma empresa aérea estatal subordinada à Força Aérea.

Voar no Fokker 28 era um dos itens da minha extensa aviation’s bucketlist e recentemente tive a oportunidade de embarcar nessa aventura. Antes de fazer a minha reserva, conversei com entusiastas da Argentina para verificar quais os trajetos que o F28 estava fazendo, depois confirmei a informação com a LADE e para ter um terceiro respaldo, acompanhei durante algumas semanas pelo FlightRadar24 se eram realmente aqueles voos que o Fellowship estava realizando. Afinal, eu iria para Argentina somente para voar nele e não queria ter uma surpresa na hora de embarcar.

Fiz a minha reserva pelo site da LADE e logo recebi um e-mail, confirmando não só o voo, como também que seria efetuado pelo pequeno Fokker.

LINHA AÉREA: LADE / ROTA: AEP-BHI / AERONAVE: Fokker 28 Fellowship TC-52 / DURAÇÃO: 01h03

A partida do voo 5U 1708 estava prevista para às 06:00 da manhã e eu cheguei ao Aeroparque Jorge Newbery por volta das 03:50 da madrugada.

O check-in foi aberto às 4h e poucos passageiros aguardavam na fila. Fui atendido rapidamente e o solicitei aos funcionários um assento na janela. Vários estavam disponíveis e eu escolhi a poltrona 6A.

Me dirigi ao portão de embarque 5, onde estava estacionado um Embraer 190 da Aerolíneas Argentinas. Por volta das 05:30, não havia sinal de qualquer funcionário da LADE por ali e fui até o balcão questionar uma funcionária da Aerolíneas se o voo para Bahía Blanca sairia mesmo daquele portão. A resposta dela foi um objetivo “não sei”.

Faltando 15 minutos para a partida, os funcionários chegaram e anunciaram o embarque. O Fokkerzinho estava estacionado do outro lado do aeroporto, no pátio em frente aos hangares. Fomos até lá de ônibus, passando ao lado várias aeronaves como uma dupla de E145s da American Jet, Boeing 737 da Flybondi, MD-83 da Andes Líneas Aéreas e também um Boeing 737-500 da Fuerza Aérea Argentina.

Chegamos em frente ao Fokker e embarcamos com as beacon lights da aeronave já ligadas. Portas fechadas e os motores foram acionados instantes depois. Naquele início de manhã, eu voaria a bordo do Fokker 28 de matrícula TC-52, com seus 48.7 anos de histórias e experiência. Ele é da versão Mk1000C, a primeira a ser desenvolvida pela fabricante holandesa e a letra “C” é referente ao termo “Cargo”, visto que ele tem uma porta de cargas em sua fuselagem. O nome de batismo do TC-52 é “1° de Mayo”, dia em que aconteceram os primeiros ataques aéreos britânicos nas Ilhas Malvinas/Falklands em 1982.

+LEIA TAMBÉM – No meio do Atlântico: conheça o aeroporto da Ilha de Ascensão, um dos mais isolados do mundo

Às 06h05 alinhamos na pista 31 e o som dos nostálgicos Rolls-Royce Spey quebraram o silêncio daquela gelada manhã, que estava apenas começando. Nossa corrida de decolagem durou 22 segundos e logo já estávamos vendo Buenos Aires de cima. Curvamos à direita sobre o Rio da Prata e depois à direita novamente, sobrevoando as luzes da capital argentina, agora rumo à Bahía Blanca.

Estabilizamos nos 26 mil pés e era hora de explorar mais do pequenino Fokker. Haviam apenas 20 passageiros a bordo, então fui trocando de lugar para ver outros ângulos. Ao todo são 64 assentos divididos 13 fileiras, da 01 até a 14 (a n° 13 não existe), no layout 2-3, sendo que na fileira da saída de emergência são 2-2 assentos. Nas fileiras de número 11 e 12 da para se ter a visão da asa com o motor. A aeronave conta com um único toalete, que está situado na parte traseira.

Voamos acompanhados da constelação do Cruzeiro do Sul, que ficava cada vez mais fraca conforme o horizonte rosa ganhava também tons alaranjados, azulados e amarelados. Nenhum serviço de bordo foi oferecido, mas para não sair de mãos abanando, pedi um copo d’água para uma das comissárias.

+LEIA TAMBÉM: Aeroporto de Saskatoon: o cemitério de Fokker 28

Nossa aproximação foi iniciada por volta das 06h50 e minutos depois já era possível avistar as luzes de Bahía Blanca. Tocamos suavemente a pista 17L às 07h08 e estacionamos na posição 2 do pátio principal. Alguns passageiros permaneceram a bordo, visto que o TC-52 ainda voaria até Bariloche, com uma parada em Puerto Madryn e depois voltaria para Buenos Aires com uma parada novamente em Bahía Blanca e também Mar del Plata.

Eu desembarquei em Bahía Blanca, concluindo assim a primeira das três etapas que eu realizaria naquele dia a bordo do F28.

Voar no Fokker 28 (em pleno 2022) foi uma daquelas experiências de vida inesquecíveis! Os próximos dois trechos (Bahía Blanca – Mar del Plata – Buenos Aires) serão publicados nas próximas semanas. Nos vemos em nosso próximo voo de Fokkerzinho, enquanto isso, confira outros de nossos Flight Reports:

Fábio Passalacqua

5 Replies to “Voando no Fokker 28 da LADE (Parte 1): o amanhecer entre Buenos Aires e Bahía Blanca”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *