Há 34 anos, decolava pela primeira vez o Antonov 225

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Foto: Oleg Belyakov

O maior avião já criado na história decolava pela primeira vez há 34 anos. Ao longo de sua trajetória, o gigante chamou atenção por onde passou e infelizmente foi destruído neste ano durante o conflito entre Rússia e Ucrânia.


Desenvolvimento

Desenvolvido ainda nos tempos da antiga União Soviética, o AN-225, também chamado de “Mriya” (“Sonho”, em ucraniano), foi projetado para desempenhar a função de carregar o Buran, nome de batismo do ônibus espacial soviético.

No início dos anos 80, durante a Guerra Fria, a URSS corria para alcançar os avanços espaciais descobertos pelos Estados Unidos. Nesse período, a agência aeroespacial norte-americana, NASA, havia iniciado uma série de voos ao espaço com os ônibus espaciais. Os primeiros testes do Space Shuttle, foram efetuados com um Boeing 747-400 adaptado para transportar o veículo. A União Soviética buscava uma forma de viabilizar os testes do Buran, mas não tinham uma aeronave capaz de realizar tal missão.

Os primeiros ensaios do transporte do ônibus espacial soviético foram feitos no Myasushchev VM-T Atlanti, mas ainda assim não era capaz de carregar o conjunto completo. Utilizar o Antonov 124 também foi cogitado. Na época, ele era uma das maiores aeronaves do mundo, mas também se mostrou insuficiente. Era necessário criar algo realmente colossal.

Foto: Greg Goebel

A fabricante Antonov, que estava envolvida no programa espacial soviético, se propôs a ampliar o projeto do Antonov 124, aumentando a envergadura das asas e estendendo a fuselagem, além do acréscimo de dois motores adicionais, criando um gigante de 84 metros de comprimento com 88.4 metros de envergadura.

Durante a fase de testes no túnel de vento utilizando modelos em escala menor, foram identificados diversos problemas de estabilidade em voos transportando o ônibus espacial e para resolver a questão, a Antonov mudou o design do estabilizador horizontal, criando assim uma curiosa deriva dupla. A fabricante também buscou formas para reduzir o peso do imenso jato.

Rollout e Primeiro Voo

A fase de desenvolvimento e produção do maior avião da história da aviação durou cerca de três anos e meio. No dia 30 de novembro de 1988, o imponente Antonov 225 fez o seu rollout no Aeroporto Gostomel, onde foi produzido. Começaram-se então os testes em solo, incluindo táxi e decolagens abortadas.

Foto: armyinform.com.ua

Após uma sequência bem sucedida de testes em solo, foi marcado o primeiro voo do gigante: 20 de dezembro de 1988. Por conta de más condições climáticas a operação sofreu um dia de atraso e então no dia 21 de dezembro de 1988, o primeiro e único Antonov 225 decolou pela primeira vez. Ele precisou de apenas 950 metros para realizar sua primeira decolagem e a operação foi comandada pelo piloto Oleksandr Vasylyovych Halunenko.

O voo de teste durou 01h14 e revelou excelentes qualidades da aeronave compatíveis com os testes que haviam sido feitos com os modelos em túneis de vento.


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Voos testes e início do serviços

Em maio de 1989, o gigante carregou pela primeira vez o ônibus espacial Buran em suas “costas” e no Paris Air Show daquele ano foi a principal atração. Ele participou de diversos shows aéreos ao redor de todo o mundo passando pelo Canadá, Estados Unidos, República Tcheca, Reino Unido e outros países.

Apresentação no Paris Air Show. Foto: Ralf Manteufel

No início dos anos 90, o jato realizou suas primeiras missões comerciais transportando cargas pesadas e superando o peso máximo de decolagem do Boeing 747 e também do AN-124. O mundo estava entusiasmado com o Antonov 225, mas suas operações começaram a ficar inviáveis, principalmente após o fim do programa espacial do Buran em 1993. No ano seguinte, foi decidido estocar o novo gigante e ele foi estacionado no Aeroporto de Gostomel, na Ucrânia. Partes, sistemas e componentes da aeronave foram canibalizadas e utilizadas nos quadrimotores Antonov 124.

Ao longo do período que o AN-225 ficou estocado, a fabricante e operadora do avião, Antonov, recebeu propostas de transporte de cargas de grandes dimensões e decidiu reativar o modelo ao observar a crescente demanda. Em 2000, os trabalhos de restauração do jato foram iniciados e em maio de 2001, ele voltou aos céus.

Foto: parfaits

No ano de 2009, o Antonov 225 entrou para o Guinness Book ao transportar a maior carga na história da aviação: um gerador de 174 toneladas, que com outras estruturas chegou a um peso de 187.5 toneladas.

Foto: Dtom

O gigante passou duas vezes pelo Brasil. A primeira foi em 2010 e a segunda em 2016, pousando nos aeroportos de Guarulhos e Viracopos, em Campinas. Multidões se deslocaram para acompanhar de perto a operação do imenso avião.

Durante a pandemia, o Antonov foi extensamente utilizado para transportar toneladas de itens médicos, auxiliando e salvando muitas vidas em meio à crise sanitária.

Destruído

Neste ano, infelizmente o tão icônico e imponente Antonov 225 foi destruído durante a Guerra entre Ucrânia e Rússia. Boa parte da aeronave sofreu avarias enquanto estava dentro de um dos hangares do Aeroporto de Gostomel.

Novo Antonov 225

A fabricante Antonov começou recentemente a montagem de um novo Antonov 225, utilizando partes do modelo destruído e também componentes da segunda unidade do grande jato, que chegou a ser 60% montada, mas jamais foi concluída.

Ao que tudo indica, nos próximos anos provavelmente o mundo verá novamente o gigante dos ares novamente em atividade.

Fábio Passalacqua

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