Conheça a história da NHT, que virou a Brava Linhas Aéreas e deixou de existir!

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Foto: Elton2arq – Elton Rodrigues via Wikimedia Commons

Depois de voarmos pelo Havaí, conhecendo a história da Hawaiian Airlines, nós vamos para o Sul do Brasil explorar detalhes da trajetória da regional NHT Linhas Aéreas, que posteriormente virou Brava Linhas Aéreas e parou de voar.

Nasce a NHT

Para começarmos a contar essa história, vamos voltar para o ano de 2006, quando a NHT Linhas Aéreas foi fundada. O nome da companhia era formado pelas as iniciais de Norma Helga Teixeira, homenageando a matriarca da família Teixeira, proprietária da NHT. Pertencente ao grupo JMT, de Santa Maria, a companhia tinha sede em Porto Alegre e sua principal intenção era ocupar uma lacuna deixada no mercado regional da região Sul.

A aeronave escolhida para compor sua frota foi o LET-410, um turboélice fabricado na República Tcheca que tem capacidade para 19 passageiros, ideal para a proposta da companhia. O primeiro deles a pousar em território brasileiro foi o PR-NHA, que chegou no Nordeste, em uma escala técnica, no dia 21/05/2006 procedente da Ilha do Sal. Ao todo foram seis LET-410s encomendados pela NHT e além do ‘NHA’, a empresa começaria suas operações também com o PR-NHB, que foi entregue em seguida. As primeiras cidades que estavam nos planos da companhia eram Porto Alegre, Santa Maria, Pelotas, Rio Grande, Horizontina e Santa Rosa.

O início das operações regulares foi marcado para o dia 28 de agosto de 2006, mas alguns dias antes foi realizado um voo de demonstração sobrevoando as cidades de Porto Alegre, Caxias do Sul e Bom Jesus. Dentre os 19 passageiros a bordo, estavam o então governador Germano Rigotto e outras autoridades do Estado.

Uma semana antes de iniciar suas operações, a aérea regional começou a venda de passagens através de seu site (www.voenht.com.br), balcões de check-in, agência de viagens ou também por telefone. Os preços iniciais variavam desde R$49,00 (Pelotas – Rio Grande) até R$179,00 (de Porto Alegre para Santa Rosa e Horizontina).

Decolagem autorizada

A manhã da segunda-feira do dia 28 de agosto de 2006 começou gelada. Segundo relatos, os funcionários chegaram no Aeroporto de Santa Maria por volta das 04h da manhã e deram de cara com a porta fechada. Eles aguardaram alguns instantes no frio de 4 °C e até o terminal ser aberto.

Por volta das 05h15 o momento tão esperado chegou! O LET-410 da NHT Linhas Aéreas decolou de Santa Maria, marcando não só o primeiro voo da companhia, mas também quebrando um hiato de mais de dois anos sem voos no Aeroporto de Santa Maria. Com 12 passageiros a bordo, o bimotor tcheco voou em direção à capital gaúcha, onde pousou 55 minutos depois, quando o Sol ainda nem havia nascido.

Em suas primeiras semanas, a NHT realizava uma média de 12 voos diários, com os seus dois LET-410s e atendia as cidades de Pelotas, Rio Grande, Santa Maria, Caxias do Sul e Porto Alegre.

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100 dias e mais de 1 mil voos

No dia 07 de dezembro de 2006, a companhia completou 100 dias de operação e já havia realizado mais de mil voos, transportando por volta de 6.8 mil passageiros a bordo de seus bimotores. Ainda em dezembro, a companhia começou a voar para Livramento, mas na verdade utilizando o aeroporto da cidade vizinha de Rivera, localizada do outro lado da fronteira, no Uruguai.

Novas cidades como Santo Ângelo, Navegantes, Curitiba, Santa Rosa, Horizontina e Uruguaiana foram sendo adicionadas ao mapa de rotas da NHT Linhas Aéreas, que estava planejando a chegada de dois novos LET-410.

+ Aeronaves + Rotas

Foto: Tito Leandro Borges via site Planespotters.net

No dia 30 de março de 2007, o terceiro bimotor tcheco da NHT tocou o solo gaúcho. Matriculado de PR-NHC e batizado com o nome Polaris, o turboélice voou desde o Aeroporto de Kunovice, onde fica a fábrica da LET, até Porto Alegre realizando um pinga-pinga em outros cinco aeroportos.

Pouco mais de 3 meses após a chegada do ‘NHC’, foi a vez do PR-NHD ser incorporado à frota da aérea regional. A aeronave tocou o solo gaúcho às 17:20 do dia 11/07/2007.

Com duas novas aeronaves na frota, a NHT continuou expandindo suas operações com a ampliação das frequências no trajeto Porto Alegre – Pelotas – Rio Grande para três voos diários e iniciando ligações para Erechim, Passo Fundo, além de solicitar operações para Florianópolis, Criciúma, Lajes e Joaçaba. Nadando de braçada e sem concorrência na área, a companhia começou a conquistar seu espaço, seu público e trouxe vida às rotas regionais da região Sul do Brasil que haviam sido abandonadas anteriormente.

Em meio ao crescimento, a companhia decidiu suspender os voos em Caxias do Sul, após 9 meses de operação, alegando prejuízo na rota e baixa ocupação.

Outra novidade em 2007, foi o início da parceria com a TAM Linhas Aéreas (atual LATAM Brasil) possibilitando os passageiros da NHT se conectarem e acessarem os voos da TAM e vice-versa. O ano de 2007 terminou com rumores de que a companhia voaria também aeronaves com capacidade de 50-70 passageiros a partir de 2008.

2008 – 2011

Neste período a NHT recebeu mais um LET-410, o PR-NHE e posteriormente o PR-CRX, que operava anteriormente na Cruiser, outra empresa aérea regional do Brasil que também não existe mais. O PR-NHF, que seria o sexto turboélice da encomenda com a fabricante da República Tcheca, jamais foi entregue, mas ainda assim a companhia chegou a ter seis aeronaves do modelo simultaneamente em sua frota por conta do PR-CRX.

Novos voos surgiram, mas por outro lado, outros deixaram de existir, como as ligações para Livramento/Rivera e também para Navegantes, que foram suspensas enquanto a aérea ajustava sua malha. Os boatos das aeronaves de 50-70 passageiros aumentaram e tudo indicava que a empresa traria para sua frota o canadense Dash 8. O fato não aconteceu e os turboélices não chegaram sequer a serem encomendados.

A parceria com a TAM foi ampliada, permitindo à empresa vender três outros destinos da NHT: Criciúma (SC), Passo Fundo (RS) e Erechim (RS). Empresas como Oceanair e a TRIP Linhas Aéreas estudaram iniciar/retomar ligações regionais na região Sul, mas foram só “ameaças”.

Em outubro de 2009, o PR-CRX teve problemas com o trem de pouso dianteiro e sofreu um incidente ao pousar no Aeroporto de Caçador. A aeronave vinha de Curitiba com 5 passageiros a bordo e ninguém ficou ferido. Em menos de uma semana, outro LET da companhia teve problemas ao pousar, mas agora em Porto Alegre. Os pneus do turboélice estouraram e o aeroporto da capital gaúcha precisou ser fechado durante um período para pousos e decolagens.

Algumas promessas como voos para certas cidades e aeronaves de maior porte acompanharam a companhia ao longo de sua trajetória e nunca vieram a se concretizar. Ainda em 2009, a NHT voltou a estudar a incorporação de novas aeronaves e agora olhava para o Embraer 145, na época a aeronave voltava aos céus do Brasil nas cores da Passaredo (VoePass).

Voando para Congonhas

No ano de 2010 houve uma redistribuição dos slots no aeroporto de Congonhas e a NHT conseguiu alguns. Tão logo já anunciou seus voos para a capital paulista com ligações de/para Curitiba.

A empresa iniciou seus voos em Congonhas em abril de 2010 com um voo diário para a capital paranaense. O pequeno LET concorria com os grandes jatos da Boeing e da Airbus que já voavam no trajeto. Após conseguir os slots no aeroporto central de Congonhas, a NHT mais uma vez tentava trazer aeronaves maiores, cogitando agora o ATR42, ATR72 ou o CRJ-200 e até voltou a falar sobre o ERJ-145.

Nesse meio tempo, a empresa fechou a base de Erechim, depois estudou reabri-la, assim como Caxias do Sul. Suspendeu e retomou o voo para Congonhas e ainda cogitou explorar algumas linhas no interior do Paraná. Ao longo desses anos, a NHT tentou negociações com o governo para tentar abaixar os impostos, principalmente sobre o combustível (ICMS) que na época era por volta 17% no Rio Grande do Sul.

Surge a BRAVA Linhas Aéreas

Fotomontagem via Wikimedia Commons

Após alguns meses de rumores, em maio de 2012 foi anunciada a compra da NHT pelo grupo catarinense Acauã. Naquele momento a companhia estava operando em 15 municípios com seus 6 LET410 e com uma equipe de cerca de 100 colaboradores, no entanto as aeronaves não foram adquiridas pelo novo proprietário e aos poucos os LETs começaram a ir embora do país. A proposta do grupo catarinense era trocar o nome da companhia para BRAVA Linhas Aéreas e operar com o Embraer 120 Brasília.

Em setembro de 2012, o PR-NHD foi o primeiro dos turboélices tchecos da NHT a deixar o Brasil e voou para as Ilhas Comores, na África, já com as cores da sua nova operadora. Assista ao vídeo dele em Natal:

Com uma transição confusa de comandos, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) aprovou em fevereiro de 2013 a mudança de NHT Linhas Aéreas para BRAVA Linhas Aéreas e a partir daí, todo o planejamento e ambição que a ‘nova’ empresa aérea do Brasil dizia ter, foi por água abaixo. Promessas de rotas que jamais foram abertas, como a que ligaria Santa Maria ao Aeroporto Intl de Guarulhos. A data do lançamento deste novo voo tão anunciado pela empresa mudou pelo menos 3 vezes e jamais estreou. Também foi comentado que em um ano a BRAVA estaria com dez Embraer Brasília em sua frota, sendo que o primeiro deles (PR-MDP) ‘sofreu’ para ser incorporado e quando foi, mal voou pela empresa. Aquele pensamento de aeronaves maiores, mesmo com donos diferentes, não deixou de existir e houveram negociações para trazer cinco jatos canadenses CRJ-200. A negociação não foi para frente.

Metade LETs foram embora, três ficaram operando pela BRAVA, um deles, o PR-NHE, chegou a receber o adesivo da companhia. A homologação do Brasília demorou para se concretizar e nesse meio tempo, um dos LETs precisou parar para realizar manutenção e o contrato dos outros dois expirou. As operações da nova aérea foram paralisadas.

Sem qualquer perspectiva de retorno, a BRAVA encerrou ali seu curto e instável voo, sem uma nova chance para decolar e levou junto a querida regional gaúcha NHT Linhas Aéreas. Mesmo com algumas questões instáveis em relação a sua malha e a promessas jamais concretizadas, a NHT trouxe vida à aviação regional do Sul do Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul e deixou sua marca na aviação brasileira.

Terminamos aqui a nossa viagem pela história da NHT/BRAVA. Nos vemos em uma próxima história!

Obs: A maioria das informações foram obtidas através do Aero Fórum, do site Aeroentusiasta.

Você já viajou na NHT ou na BRAVA Linhas Aéreas? Conte para nós!

Links de pesquisa

BRAVA Linhas Aéreas retorno dos voos

ANAC aprova mudança de nome

BRAVA Linhas Aéreas

BRAVA CRJ-200

Fórum Aeroentusiasta – Passagens à venda NHT

Díario de Santa Maria – via Fórum Aeroentusiasta

NHT em Rivera – via Aeroentsiasta

NHT Linhas Aéreas combustível

100 dias mais de 1000 voos via Fórum Aeroentusiasta

Cancelamento voo de Caxias

Fábio Passalacqua

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