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Sexta-feira, 23 de abril de 1982. A Guerra das Malvinas/Falklands, disputa territorial entre Argentina e Reino Unido pela ilha localizada no extremo sul das Américas, estava em curso e o Atlântico era mapeado por ingleses e argentinos.
Na tarde daquela sexta-feira, voava sobre o Oceano Atlântico, um DC-10 da companhia aérea VARIG. A aeronave estava realizando o trajeto entre Johanesburgo, na África do Sul, e o Rio de Janeiro, com 188 pessoas a bordo, entre elas os políticos Leonel Brizola e Neiva Moreira.
Tudo seguia bem com o voo, até que um caça Harrier da Royal Air Force interceptou o DC-10, se aproximando por trás, depois passando por cima, foi à frente, ao lado esquerdo e com uma guinada sumiu dos olhos de quem o observava. O fato causou um certo tumulto a bordo e ninguém tinha entendido o que acabara de acontecer.
Na manhã daquele mesmo dia, um Boeing 707 argentino também voava pelo Atlântico, em busca de descobrir os próximos passos dos navios ingleses, que avançavam em direção às Ilhas Malvinas/Falklands. O Boeing da Fuerza Aérea Argentina foi detectado pelos radares do oponente, que logo se mobilizou para atingir o alvo. Não foi dessa vez! O 707 escapou, despontando e desaparecendo dos radares britânicos.
À tarde, um novo alarme surgiu. Detectado a 340 quilômetros de distância, voando a 10 mil metros de altitude e se aproximando a 700 quilômetros por hora, tinha tudo para ser o Boeing 707 da Argentina novamente, mas na verdade era o DC-10 da VARIG. O sinal foi localizado por uma esquadra inglesa que havia deixado a Ilha de Ascensão quatro dias antes.
Sem perceber que não se tratava do Boeing argentino, os ingleses, quase que de imediato, se prepararam para lançar mísseis contra a aeronave brasileira. Antes de realizar o ataque contra o suposto alvo, um caça Harrier RAF partiu do porta-aviões que acompanhava a esquadra e foi fazer o reconhecimento visual. O piloto do caça confirmou que, na verdade, se tratava de um voo comercial e o lançamento dos mísseis foi abortado. Estima-se que foram entre 20 e 30 segundos o tempo entre o reconhecimento pelo Harrier e a ordem para abortar o ataque.
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O DC-10 da VARIG completou sua viagem sem maiores problemas e pousou no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, por volta das 19h30 daquele mesmo dia. O acontecimento é pouco conhecido e foi relatado no livro The Royal Navy and The Falklands War, escrito pelo vice-almirante da marinha britânica, David Brown.
O abatimento de aeronaves comerciais não é uma novidade e já causou diversos problemas diplomáticos. Se a aeronave da VARIG tivesse sido abatida pelos ingleses, o rumo da Guerra das Malvinas poderia ter sido outro, visto que o Brasil provavelmente entraria no conflito.
Links de pesquisa:
Saberiam dizer qual era o prefixo do DC-10 da Varig?
Oi Fabiano! Buscamos essa informação, mas não consta em nenhum dos relatos.