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Há oito anos, um dos trijatos mais emblemáticos da aviação realizava o seu último voo comercial com passageiros. Hoje, mais de 100 MD-11s ainda continuam ativos ao redor do mundo, mas somente realizando voos cargueiros.
Desenhado e fabricado pela norte-americana McDonnell Douglas, o programa do MD-11 foi lançado no final de 1986 e foi baseado no projeto de seu ‘irmão mais velho’, o Douglas DC-10. Quando anunciado, o novo trijato da fabricante norte-americana obteve quase 100 pedidos, sendo 52 firmes e 40 como opção de compra. A brasileira VARIG estava entre as primeiras empresas aéreas a encomendar o modelo.
O primeiro voo do trimotor aconteceu no dia 10 de janeiro de 1990 e no final daquele ano, o MD-11 obteve a sua certificação junto à Agência Nacional de Aviação Civil dos EUA (FAA). Mesmo certificado, o projeto enfrentava problemas, principalmente relacionados à performance da aeronave.
A primeira entrega aconteceu em dezembro de 1990 para a Finnair, que foi a empresa lançadora do modelo. O primeiro voo comercial aconteceu no dia 20 de dezembro daquele ano e foi entre Helsinki, na Finlândia, e Tenerife, nas ilhas Canárias.


A McDonnell Douglas passava uma crise financeira e o sucessor do DC-10 era uma de suas últimas cartadas para continuar viva. A fabricante estimava vender 300 unidades do MD-11, mas por alguns motivos as previsões não se concretizaram.
Mesmo encomendado por grandes empresas aéreas como Alitalia, American Airlines, Varig, KLM, Thai Airways, Fedex, Korean Air, Delta Air Lines e outras, o MD-11 enfrentava dificuldades para emplacar no mercado dos widebodies, que na época era dominado por Boeing 747s, Airbus A300/310, DC-10s e o Lockheed Tristar.
Jatos bimotores como o Boeing 767 começavam a ganhar visibilidade e o lançamento do Boeing 777 e do Airbus A330, que eram ainda mais econômicos e tecnológicos, aconteceu no início da década de 90. Essas questões somadas aos problemas de performance que vinham decepcionando algumas empresas como a American Airlines, acabaram por afetar o desempenho comercial do belo MD-11.












Após a fusão entre McDonnell Douglas e a Boeing, ficou decidido que somente a variante cargueira seria produzida e o último MD-11 da versão de passageiros foi entregue à Sabena em 1998. Três anos depois, em 2001, a Boeing entregou os dois últimos exemplares cargueiros à Lufthansa Cargo, encerrando assim a curta vida de produção do trijato. Ao todo, 200 unidades do MD-11 foram produzidas.
Aos poucos as empresas aéreas começaram a substituí-los com jatos mais modernos e econômicos. Aqui no Brasil, a TAM, a VASP e a VARIG operaram o trimotor da McDonnell Douglas. O último MD-11 a voar por uma empresa aérea brasileira foi o PT-MSJ (pela TAM) que deixou o país em dezembro de 2008.
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A KLM segurou o modelo em sua frota até o ano de 2014, época em que ela era a única linha aérea a voar com a versão de passageiros do MD-11. Neste mesmo ano, ela chegou a realizar um voo com o trijato para o Brasil durante a Copa do Mundo, que aconteceu entre os meses de junho e julho. Naquele período, ela ainda contava com 4 unidades do modelo em operação.
Em outubro de 2014, chegou o momento de se despedir do icônico avião. A empresa marcou o último voo do MD-11 para o dia 26 de outubro daquele ano. O trijato de matrícula PH-KCE decolou no começo da noite do dia 25 do aeroporto internacional de Montréal, no Canadá, cumprindo o voo KL672 até Amsterdam, nos Países Baixos, onde pousou na madrugada do dia seguinte (26) após pouco mais de 6 horas de voo. No aeroporto de Schiphol (Amsterdam), a aeronave foi recebida com um batismo de despedida, colocando assim um ponto final em seus serviços regulares transportando passageiros. Assista abaixo ao vídeo do último voo:
Posteriormente, a empresa chegou a realizar três voos locais, chamados de Farewell Flights, levando entusiastas que queriam se despedir do modelo.
Para muitos (como eu), o MD-11 é uma das mais belas aeronaves já desenhadas na história da aviação. Vida longa a este trijato que ainda segue ativos em empresas aéreas cargueiras.